quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Resumo do Êxodo - parte 7 - O código da Aliança: as leis mosaicas

Post passado falamos sobre os 10 mandamentos. Para um resumão deles, leia o post ou melhor ainda: confie em um dos maiores profetas de Bowie:

 

Outro fulano que era CRAQUE em resumir e revisar leis mosaicas era nosso truta JC. No sermão da montanha (Mateus 5) ele comenta alguns mandamentos e leis. Embora Jay-C tenha dito que todas as leis mosaicas continuam válidas e aplicáveis, eles as interpretou com mais profundidade e as arrematou com um resumão de dar inveja a qualquer professor de cursinho quando um fulano decide perguntar: "qual o maior de todos os mandamentos?" (Mt 22, 36-40):


 

Tirei 50% nessa prova, Jesus. Vou pra segunda fase?

Logo depois dos dez mandamentos temos uma compilação gigantesca de leis mosaicas. Essas leis já faziam parte da tradição oral e portanto já existiam entre os judeus há muito tempo, porém entraram para a bíblia como leis comunicadas à Moisés por Deus no alto do Monte Sinai - onde Moisés fica trocando ideia com o Senhor por 40 dias e 40 noites, então senta que lá vem história. Vocês sabem como funciona, né?
 
 

Tudo ganha credibilidade quando vem entre aspas


Se as aspas forem sagradas, então, só pode ser verdade. Isso em 2013.
Imaginem nhenhentos anos atrás.

(como bem prova a melhor página do facebook)

Essas leis aparecem no Êxodo de forma torta: primeiro uma parte delas, depois volta pra narrativa, depois outra parte delas, bem organizado mesmo. Eu vou comentá-las de forma desorganizada também porque tô com preguiça de pensar num método melhor.

Segundo minha bíblia de estudo, as leis podem ser divididas em três partes pelo conteúdo: direito civil e penal (21, 1- 22, 20); regras para o culto (20, 22-26; 22, 28-31; 23, 10-19); e moral social (22, 21-27; 23, 1-9).

Respire fundo. Lá vamos nós:

Lei do altar (Ex 20, 22-26) - Deus explica como deve ser o altar. De terra, para sacrifício animal (ao que se dá o nome de holocausto) etc. Ele também afirma estar presente em todos os locais onde é adorado, o que contradiz Deuteronômio 12,5, no qual bane a pluralidade de lugares de culto.



O mais legal dessa passagem é Deus proibindo Moisés de subir os degraus do altar para que NÃO SE DESCUBRA SUA NUDEZ, já que os sacrificadores vestiam nada além de uma pequena tanga durante o ritual.

Leis acerca dos escravos (Ex 21, 1-11) - Sei lá, cara, é apenas sensacional a bíblia ter várias passagens sancionando a escravidão e galera utilizar esse mesmo livro para atacar as gay em pleno 2013. Apenas sensacional, não tenho palavras.

Lembrando que a escravidão era totalmente ok no mundo antigo. Ela era a base do sistema econômico e em momento nenhum é contestada no AT ou no NT. As leis, na verdade, são muito das bacana já que né, pelo menos garantem algum tipo de direito para os escravos. É bem humanitário comparando com outros povos antigos.

Escravos naquela época eram estrangeiros capturados em guerras, tanto soldados quanto pulações inteiras, ou hebreus impossibilitados de pagar suas dívidas e que por isso precisavam vender a si mesmos ou a suas filhas, mulheres, etc.


 Porque todo mundo sabe que a base da cristindade é a família

Há, no entanto, diferenças entre escravos estrangeiros e escravos hebreus. Os primeiros eram escravos para a vida toda e tinham menos direitos. Os últimos tinham mais direitos, e a passagem bíblica que vou discutir aqui é sobre alguns deles.

Um hebreu ao se tornar escravo servia por seis anos e era liberto ao sétimo. Caso o seu senhor lhe desse uma esposa, tanto o escravo quanto a esposa eram libertos desde que não tivessem filhos. Um escravo com mulher e filhos deveria escolher entre ser livre mas abandonar sua família ou continuar escravo com sua família para o resto da vida.
   

Você quer ser enrabado em pé ou de quatro?

Se você vendesse sua filha como escrava, ela também seria concubina de seu senhor. Caso desagradesse seu proprietário, ela poderia ser resgatada, ou seja, liberta mediante pagamento. Ela poderia, também, ser destinada para o filho do senhor, e então integraria a família como uma das filhas. Ela, no entanto, não poderia ser vendida para estrangeiros, pois isso é fraude.

Tava ok um homem ter várias esposas e concubinas desde que ele tivesse como sustentar todas elas. Caso ele arranjasse outras mulheres e por isso diminuísse o alimento, vestimenta ou direitos conjugais de suas escravas, elas estariam livres sem pagar UMA dilma por isso.


Porque, como vocês bem sabem, o casamento é uma instituição sagrada entre um homem e uma mulher
Homicídio (Ex 12-17): Essa passagem divide homicídio em: "não lhe armou cilada mas Deus lhe permitiu que caísse em suas mãos" e "por astúcia", ou seja: premeditado e não premeditado.



Pena para homicídio premeditado: morte. Para homicídio não premeditado: refúgio (no templo ou, mais tarde, em cidades de refúgio). Como essa é uma sociedade anterior à justiça de estado, a pobre alma que matou sem intenção precisa ser protegida contra a família de sua vítima, que poderia querer vingança do sangue.

Essa passagem também nos adverte que raptar e vender hebreus é crime punível com morte, assim como amaldiçoar pai e mãe.

Minha conclusão até agora: Deus não é o juiz mais versátil.


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Gente, olha, sair do Êxodo não será nada fácil. Acho que esse resumo vai ter mais de 10 partes. Depois continuo saporra. Ainda tem lei pra cacete pela frente. Esse post será mais curto por motivos de: cansaço.



3 comentários:

  1. sensacional também a pena de morte não ir contra o 5º mandamento. Aborto não pode. Matar homicidas, sure why not?

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  2. Muito bom o blog!
    Mandei pro meu pai o infográfico das contradições, e ele me respondeu com um texto introdutório de uma antiga Bíblia dele, que acho que explica bem o pq dos erros:

    "Todos os Padres e Doutores tiveram firmíssima persuasão" - escreve Leão XIII na encíclica Providentissimus - "de que as divinas Escrituras, quais saíram da pena dos autores sagrados, são inteiramente isentas de qualquer erro". Mas será que todas nos chegaram tais "quais saíram da pena dos autores sagrados"? Nenhum autógrafo, nem sequer do último dos autores inspirados, chegou até nós, como também o de nenhum escritor da antigüidade profana; só possuímos deles cópias remotas. Ora, os copistas não tiveram a assistência do Espírito Santo como os hagiógrafos, e enquanto copiavam à mão, era natural que se introduzissem no texto alterações de várias espécies. No longo período de 1500-3000 anos, desde as primeiras cópias até a invenção da imprensa (século XV), era moralmente impossível que dois exemplares de um mesmo livro, ao menos os mais extensos, fossem exatamente iguais, e Deus, que preservou de todo erro os originais dos livros sagrados, não quis obrigar-se a milhares de milagres que seriam necessários para que se conservassem intactas as cópias. Bastava conservar inalterada a substância do depósito da fé contido nos livros sagrados. E para tanto foi magnificamente providenciado, como precisamente nos ensina a história do texto.

    "Introdução Geral" da Bíblia Sagrada, 36ª edição, Edições Paulinas, São Paulo, 1980, coordenação de Honório Dalbosco, ssp, páginas 10-11.

    Não é que a bíblia tenha sido escrita errada, é que Deus ficou com preguiça de realizar milhares de milagres (ou pelo menos um, o de mostrar como se faz uma prensa pro primeiro sujeito que foi copiar os textos sagrados)

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    1. HAHAHAHAHAHA essa explicação. mas é muita cara de pau! é muito pensamento mágico!

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